Gracinha Viterbo – Educação Positiva

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Gracinha Viterbo – Educação Positiva

 

Gracinha Viterbo é uma das mais premiadas Designers de Interiores Portuguesas.

É Mãe de 4 filhos e Praticante e Promotora de Educação Positiva.

Autora dos Domingos Positivos no seu canal de Instagram, que desde já recomendamos.

https://bit.ly/domingospositivos

https://www.instagram.com/gracinhaviterbo

https://viterbointeriordesign.com/pt-pt/

https://www.facebook.com/cabinetofcuriositiesviterbointeriordesign/

 

Saiba mais em https://playandmusic.pt/playlab-academy

 

 

Olá Gracinha, bom dia.

 

Olá Nuno, bom dia.

 

Muito obrigado por este bocadinho.

Vai ser precioso.

 

Obrigada pelo convite.

 

Gracinha, eu acho que dispensa apresentações, uma das designers e arquitetas mais conceituados portuguesas.

Eu hoje queria falar um bocadinho consigo não só sobre design que é seguramente um dos seus superpoderes, mas também sobre a educação, a parentalidade positiva que também é fortíssimo, mas temos muitas coisas em comum eu ia-lhe perguntar: acordou que horas hoje?

 

Eu acordo muito cedo.

 

Eu sei.

Eu só queria chocar a nossa audiência.

 

Eu vou dizer que acordo sei lá eu facilmente acordo as 05:30 da manhã, 06:00, mas eu acordo por mim, obviamente que os meus filhos já são bocadinho maiores, mas por acaso sempre fui uma pessoa de dia, de manhã.

E gosto muito de acordar cedo também por mim própria, para ter o meu tempo, antes da casa acordar e os meus filhos também se habituaram a acordar cedo.

 

É uma ótima prática.

Também recomendo.

Gracinha eu ia começar pela criatividade, porque eu vi recentemente um vídeo seu no Facebook, em que falava da criatividade e fiquei super impressionado com a sua visão e decidi perguntar-lhe, como é que é o seu processo? O que é que pode falar sobre criatividade?

Porque realmente é uma palavra que tem muita profundidade.

 

É uma palavra muito forte e realmente é um valor, um bocadinho posto à margem, como se fosse menor e que é tão importante como a matemática, que é essencial disciplinas como a matemática, a ciência, os grandes grandes nomes que nós conhecemos de pessoas que na história se destacaram, eram sobretudo criativos.

Sejam eles cientistas, matemáticos, historiadores, políticos, todos eles tinham uma coisa comum que era a criatividade.

Por isso eu acho que a criatividade é um bem necessário e um valor que devia ser mais focado na escola.

 

Como é que é o seu processo?

Como é que desenvolveu a criatividade?

E como é que é no dia a dia?

 

Eu acho que uma das regras base da criatividade, é não ter medo de errar.

E eu tive a sorte de crescer numa família que focou muito nisso.

E os meus pais não se importavam, isto é um bocadinho clichê, mas é mesmo verdade que eu pinta-se fora das linhas.

E eu lembro-me de pintar as coisas de cores diferentes e não havia a tendência de dizer: o sol é amarelo e o mar é azul.

Não.

Se eu via o sol de outra cor, a minha mãe deixava-me pintar de outra cor e dava-me tanta segurança nas minhas ideias que eu mesmo que tivesse no ensino tradicional que tive, na escola, eu tinha sempre aquilo na minha cabeça, de que eu podia se quisesse sonhar e ver de outra maneira.

E depois quando tinha que estar alinhada no ensino tradicional adaptava-me, mas eu acho que é muito importante os pais ensinarem que o erro não é um problema, não é?

É uma lição.

E isso é o princípio da criatividade, é o não ter medo de errar.

 

Muito bem.

Como é que é ser designer de interiores?

O que é que mais lhe apela e o que é que é mais desafiante?

 

Eu acho que o que mais me apela na minha profissão é realmente interpretar vidas através de espaços.

E aliás é realmente, está tudo interligado com os meus domingos positivos e com a minha forma positiva de ver a vida, porque eu muito cedo eu faço à 20 anos a minha profissão exerço à 20 anos a minha profissão e muito cedo percebi que não era só sobre coisas bonitas.

Ai agora vou pintar a parede uma cor, aí agora vou fazer isto…

Não!

Isso é mesma coisa que comprar uns sapato e não se pode confundir a parte material que não nos preenche, não é?

Muitas pessoas se enganam e acham que o ir comprar coisas, o dar brinquedos às crianças nos preenche e rapidamente depois se fartam.

E não percebem porquê?

Eu então virei isso um bocadinho ao contrário, na minha profissão e tento ir à essência da pessoa à sua identidade e acho que se ela tiver projetada na sua casa, no seu norte, ela vai empoderada, vai se sentir enraizada e mais feliz.

E é o que eu mais gosto da minha profissão.

 

Muito bem.

Nós agora, neste momento toda a gente está em contacto permanente com a sua casa, portanto há aqui desafios próprios, acha que podemos passar algumas dicas de organização interior?

Qual é o alfabeto da decoração para um leigo? Por onde é que podem começar?

Estamos a falar da luz, dos móveis, estamos a falar do quê, exatamente.

Qual é o alfabeto mais básico?

 

Eu acho que a primeira coisa que eu vou dizer é tentarem não seguir tendências, nem copiar uma imagem de algo que gostam, porque obviamente isso é uma direção, nós começarmos a tentar perceber o que é que nos identificamos, não é?

E ver imagens tudo bem, mas o replicar não preenche uma pessoa dentro do seu espaço.

Por isso cuidado com o replicar imagens de um pinterest ou de onde seja, porque não se está a expressar a si próprio, não é?

Às vezes, são coisas tão fáceis como ir ao nosso armário e ver o que é que vestimos.

Quais são as cores com as quais mais nos gostamos de ver.

Porque se calhar são as cores com que quais mais gostamos de viver.

Ou então as não cores, porque há quem não goste de cores e goste mais de um ambiente neutro, e de um ambiente mais, todo ele com menos cor, não é?

E isso é o que nos vai identificar, por exemplo a nível de cor é uma boa maneira de vermos é irmos ao nosso armário ou cor que nós não nos gostamos de ver também, pensar como é que vivemos, há crianças não há crianças, há animais não há animais, há algum problema de saúde ou de costas ou até para poder escolher, por exemplo a altura de um sofá ou de uma cama ou rigidez.

Tudo isso são as primeiras coisas, é fazer uma lista do que existe.

Quem são as pessoas que vivem na casa, qual é a personalidade dessas pessoas, tentar também um bocadinho interligar, porque não é só um que conduz, quando é em comunidade quando é uma família tem que se pensar em todos, nas crianças, nos pais.

E depois tentar eu acho que pensar em cada lugar como um momento, como um cenário das memórias que vão fazer então agora que nós estamos sobretudo mais em casa e então se calhar haver o cantinho da leitura e que pode ser relaxado, não tem de estar tudo certinho, não faz mal se as almofadas se misturarem todas, não vamos fazer um problema à volta de um momento que pode ser ótimo.

E com isso a pensar nas outras zonas da mesma maneira que são cenários das nossas memórias em casa.

 

Top.

Na sua sensibilidade aproximava-se mais de manter tudo como está ou mudar tudo, uma vez que vamos estar confinados pelo menos 15 dias?

O que é que acha que é mais proveitoso e animador ou menos estressante?

 

Diga diga, desculpe não percebi.

 

A minha pergunta era mais tipo para evitar estresse, o ideal é vivermos na casa onde sempre vivemos ou tentamos criar uma casa nova neste tempo de confinamento…

 

Eu acho que vai depender das personalidades, eu por exemplo sou gêmeos e por mim mudo sempre qualquer coisa todos os dias em minha casa, porque gosto de estar sempre a mudar qualquer coisa, eu preciso dessa movimento de energia e de mudança e os meus filhos já são um bocadinho assim também.

Mas sei que há pessoas que precisam imenso da segurança da continuidade.

Eu acho que isso não há uma regra geral, eu acho que vamos então ouvirmo-nos a nós próprios, o que é que nós precisamos?

Estamos estressados, estamos ansiosos, vamos tentar não mudar muita coisa se calhar, se tivermos bem, não é?

Dentro do que estamos ou então ver qual é que é a zona da casa onde nos sentimos melhor e ir mais depressa para essa zona da casa, se há uma zona da casa que apanha mais luz natural, eu por exemplo gosto de estar ao pé da janelas, eu preciso de luz natural.

Às vezes mesmo naqueles dias que uma pessoa está mais esgotada, eu gosto de estar a tomar um chá ou um café e sentir a luz na minha cara, é uma coisa que me faz bem.

Eu acho que quando estamos muito tempo em casa, é descobrir estes recantos que nos fazem bem e vivê-los mais do que os outros.

 

Muito bem.

Gracinha, as pessoas que têm crianças pequenas e que têm este problema dos brinquedos espalhados pela casa.

O que é que recomenda?

Acha que os brinquedos devem estar confinadas a uma divisão ou devem estar livres pela casa?

O que é que acha mais proveitoso, para a sociedade?

 

Acho que a partir dos três anos, podem perguntar às crianças.

Acho que é a primeira coisa, acho que não devem ser os pais a decidir, acho que desde dessa idade as crianças já podem dar ideias de como é que vão arrumar os seus próprios brinquedos, é a melhor maneira de, eu às vezes quando tenho famílias com crianças eu pergunto às crianças e como é que elas gostam de arrumar mais as coisas e como é que vamos pensar na forma que elas vão entender e fazer parte da arrumação da casa.

Eu acho que isso não é um sonho.

É possível.

E se incluirmos mais as crianças dentro destas ações, as coisas aparecem mais vezes arrumadas.

Não é perfeito, mas aparecem.

E sobretudo, porque elas têm uma imaginação muito mais fluida e vamos dar se calhar ideias que há certos pais que já não praticaram tanto a criatividade e que se calhar estão ali, tem que ser sempre da mesma maneira.

Eu sou um bocadinho um elemento disruptivo quando venho dizer estas coisas, mas é verdade.

E depois é tentar ter a arrumação ao nível das crianças.

Também acho que é uma coisa importante, porque se arrumação está pensada para o adulto, vai ser sempre o adulto a arrumar e a partir do momento em que nós incluímos as crianças também na altura em que pomos as caixas ou as coisas que elas têm de arrumar e nos sítios mais improváveis haver um bocadinho quando eles são muito pequenos, eu acho que é importante haver num bocadinho em toda a casa algum sítio onde eles possam arrumar.

Na sala, na cozinha, eu lembro-me que tinha uma das portas debaixo da cozinha, tirei as panelas e pus brinquedos e sabia que era, e eles voltavam arrumar lá dentro e claro que eu abria e aquilo ao princípio estava muito desarrumado, depois à medida que eles foram crescendo tinham as coisas mais arrumadas, porque comecei a brincar com eles e a separar em categorias a brincar.

Eles gostavam de também separar as categorias, porque fica um jogo e tudo que ficam jogo eles fazem.

E eu acho que se pudermos então separar um bocadinho nas zonas onde eles brincam, que não seja do outro lado da casa onde se vai arrumar, já ajuda muito.

 

Uau.

Isso é uma ótima dica, eu acho que estou a fazer tudo mal.

Eu tenho uma bebé agora com um omnipcx, está sempre a pegar, adora os meus livros, desarruma-os todos, acha que é divertido tirar tipo 30 livros.

 

Ela vai adorar ler se continuar ainda a…

 

Eu espero que sim.

Mas pronto, mas eu depois tenho que arrumar todos de volta e basicamente é a minha profissão agora, é arrumar os livros que ela desarruma.

Gracinha ainda no campo da decoração como é que descreveria os seus melhores clientes e quais são os mais desafiantes?

Como é que podemos ser bom clientes de um design anterior?

 

Eu acho que um bom cliente é o cliente que percebe que nós estamos ali para ajudar e que não estamos, um projeto não é uma discussão, é uma evolução, é um progresso.

E eu acho que é suposto ser um momento memorável, um momento de crescimento, um momento de partilha, como muitas coisas na vida, não é?

Eu também acho isso do trabalho, também acho isso da educação, mas é verdade que o projeto, eu estou a entrar na vida de outra pessoa, estou a tentar entendê-la para criar para ela e isso é a maneira que eu trabalho.

Eu não trabalho, porque o amarelo é giro e o azul é giro e tem que ser assim.

Não.

Eu quero perceber a pessoa e quero potencializar o espaço onde ela vive, de modo a ser mais feliz lá dentro, ela e as pessoas que lá vivem.

E eu acho que é muito importante o cliente perceber que nós estamos ali para fazer parte dessa, fazer um veículo, ser uma ponte para que ele possa viver melhor a partir daí nesse espaço.

E o cliente que percebe isso, é um cliente que tem um projeto com muito mais sucesso, entre aspas no resultado final, do que o cliente que resiste.

 

Muito bem.

Eu sei que a Gracinha fala uma série de línguas de muitas partes do mundo.

Como é que foi viver fora de Portugal?

Tanto sozinha como em familia, como é que foi a sua experiência?

 

Eu adoro viajar, adoro ter o desafio de me adaptar a um lugar que não conheço, a uma língua que não conheço, a uma comida que não conheço e perder-me para me encontrar outra vez.

Eu acho que são patamares, cada viagem e cada momento que eu vivi fora, foram patamares de crescimento na minha vida.

E fiquei um bocadinho viciada nisso.

E foram experiências de alturas muito diferentes da minha vida.

A primeira vez que vivi fora, tinha acabado de fazer 18 anos e fiquei fora até aos 21. Comecei a trabalhar a minha carreira primeiro trabalho foi fora.

E foi um momento, obviamente que eu era mais nova, que havia uma descoberta, uma série de coisas, mas eu ainda estava a crescer noutra série de coisas, por isso era tudo, era uma descoberta, mas eu também sempre fui muito curiosa e muito independente.

Portanto aquele sentimento de saudade não me fazia não aproveitar onde eu estava.

Eu sempre aproveitei o momento da vida no lugar onde eu estava.

Sem arrependimentos de: ai eu tenho saudades e eu quero estar ali.

Não.

Eu acho que se estamos neste momento ali, vamos aproveitar este momento da vida e tirar o melhor dele.

E todos os momentos que vivi fora acabei por ter essa essa mentalidade, portanto na altura da universidade e do primeiro trabalho eu estava em Londres.

Depois voltei para Portugal e depois fui para a Ásia.

E no intermédio sempre viajei muito na minha profissão, por isso pelo menos quatro meses do ano fora em viagem.

Não de seguida, mas sempre em viagem, por isso bastante grande durante o ano, antes do covid, por razões de trabalho, mas em que acabamos por ir para países às vezes que não conhecemos, outro conhecermos melhor.

Agora a ida à Ásia foi também espetacular, porque fui com os meus filhos bastante pequenos dos 3 aos 9.

E aliás foi lá que eu conheci o Gymboree.

Eles iam todos ao Gymboree.

 

Ai que giro.

 

E pronto e foi realmente eu acho ai crescimento em conjunto enorme por todos os lados, porque a trabalhar a tempo inteiro com crianças pequeninas, elas não sabiam falar inglês quando foram, nem chinês.

E aprenderam ambas as línguas.

E é uma aprendizagem que eu recomendo que é difícil, mas é extraordinária.

 

Gracinha, percebo que essa passagem por Singapura, vos marcou imenso em família e também quer dizer a matemática é simples.

Ainda assim ter cinco ou seis anos, não é?

Como é que foi essa experiência?

E o que é que trouxe de lá?

 

Eu, a experiência, já tinham vindo conosco em algumas ocasiões, porque nós já estávamos a trabalhar lá desde uns anos antes.

E realmente uma das razões porque fomos, foi porque estavamos cada vez mais a trabalhar lá na altura e eu comecei a sentir que não estava a fazer bem à família, eu estar tanto tempo fora obviamente e como mãe, também não conseguia, se bem que tenho um marido presente, um pai espetacular e sempre que eu ia, eu sentia que eles iam crescer de outra forma.

E acho que na vida os casais organizam-se, sejam porque estão divorciados ou porque cada um trabalha numa certa forma, acho que as crianças se adaptam e os casais organizam-se.

Por isso nós construímos na altura uma fórmula que funcionava para nós.

Mas chegou a um ponto onde achamos que fazia mais sentido irmos todos juntos e estarmos lá uns anos e depois voltarmos.

E a experiência lá, foi realmente extraordinária, a nível de todos os níveis, humano, como mãe, como profissional, mas sobretudo a nível da educação e a nível da ligação que os adultos lá em geral têm com as crianças, eu comecei a sentir logo desde o início, a forma que falavam, a forma que diziam, é sempre a maravilha do mundo da criança e o que é que nós adultos quase que podemos aprender com eles, porque nós já nos esquecemos.

E há um respeito pela criança como humano, que é igual a estar a falar com um adulto praticamente e isso foi uma coisa que eu tive que reaprender estando lá, porque eu realizei que ele não tinha isso, não tinha essas ferramentas comigo e quis aprender.

Por isso essa foi a maior eu acho, a lição de estar lá, a parte da língua, da comida e da parte toda cultural.

Foi realmente abrir o mindset a outra maneira de educar.

 

Foi o país que te deixou mais saudades, Singapura?

 

Não, todos os países têm assim qualquer coisa que me deixou muita saudade, que me deixa muitas saudades.

Ali tivemos realmente um momento muito marcante, porque foi quase um sentimento do momento certo, no lugar certo para a idade deles certa.

E para a família foi uma viragem enorme, porque mudamos de mentalidade, mudamos de um mindset fixo para um mindset crescimento, que eu falo imenso que é o growth mindset.

E é uma maneira de ver as coisas ao contrário do que se vê cá na educação.

E foi uma coisa que nos transformou, transformou literalmente como mãe, como mulher, como humana e é tão fácil e é tão difícil ao mesmo tempo, mas nós pensamos são coisas tão pequeninas, mas que realmente transformam a confiança deles, a linguagem deles é uma coisa que é realmente quase difícil de explicar.

Por isso é que eu tenho muitos domingos para falar sobre isso.

 

Vamos falar sobre isso agora mesmo.

A Gracinha é uma produtora e uma praticante de educação positiva.

E tem o seu vlog de chamado números positivos, que eu desde já recomendado, aliás eu quero fazer aqui uma pausa e deixar uma nota pessoal.

Passei os últimos dias a preparar este podcast e tive a oportunidade de ver algum materiais que eu já conhecia e outros que conheci de novo.

O seu vlog é precioso, portanto queria exprimir a minha gratidão.

A forma gentil que apresenta uma série de missões.

Gentil consigo mesma, porque pronto foi um processo, não nasceu com aqueles conhecimentos, mas isto para quem nos está a ouvir, porque é natural que a gente sinta necessidade, culpa, medo de falhar.

E a forma como a Gracinha apresenta aqui é super lógico, superior. super gentil e fica.

Portanto as lições ficam, não só se calhar a parte mais técnica e teórica, como a parte prática e os conselhos práticos que dá.

Portanto eu há bocado em off, estava a pedir por favor de por aquilo em formato podcast, para poder ouvir enquanto estou a correr.

 

É já muita gente, eu vou trabalhar nisso.

Estou aqui à procura da melhor solução.

 

Muito bem.

O que é que é para si a educação positiva?

E qual foi sua maior influência original o que é que a fez prestar atenção a esta forma de educar?

 

Eu quando soube que estava à espera do meu primeiro filho, Santiago, em 2004.

A certa altura um mês ou dois depois o Miguel vê chegar, eu não vou mentir, deviam ser 150 livros de educação.

Eu não sabia nada, zero.

Era mais nova de três, não temos nem irmãos mais novos, nem primos mais novos, sou a prima mais nova da minha família, tanto de um lado como do outro, eu não tive o contacto com crianças na minha adolescência, a não ser os meus amigos na escola.

Por isso eu vejo a minha filha, a minha filha tem imensas, contacto com crianças muito mais novas que ela, bebés e tudo, tem um jeito enorme, pega neles, já sabe tudo.

Estou sempre dizer que ela vai ser uma mãe espetacular, à parte de ser uma profissional que quiser ser o que ela quiser ser espetacular também.

E então eu não tinha aquele reflexo de saber, eu não sabia trocar uma fralda, eu tive que pedir a uma amiga da minha irmã para me ensinar a trocar de fraldas, porque eu não sabia trocar, depois tive de aprender tudo do zero.

E tinha um receio enorme, uma sociedade muito grande de: será que estou a fazer as coisas bem, será que não estou, lia tudo.

E a única coisa que eu lia, eu tive uma mãe muito liberal, mas liberal com direção, que já na altura eu via bastante diferença entre como é que a minha mãe nos educava e como é que muitos outros pais que eu via educavam os meus amigos ou tias com os primos.

E eu já sentia que havia ali uma diferença.

Ouvia a nossa opinião, falava muito conosco e não havia, não me lembro de haver berros em casa, havia sobretudo elogios, se a minha mãe um bocadinho sem saber falava-me sempre de um psicólogo que era o Doctor Spock, que era muito americano, que era na altura muito diferente e muito radical e depois houve muito prós e contras na nossa geração do Doctor Spock.

Eu ainda fui comprar um livro do Doctor Spock, porque tinha sempre ouvido falar dele quando nasceu o meu primeiro filho.

Mas esse livros, os tais 50 livros que eu comprei, não me identificava muito com as coisas, porque a minha própria educação não tinha sido assim, era uma coisa muito mais tradicional muito mais e era muito pesada, era muito…

E eu lia aquilo e dizia: está bem, olha eu é que não percebo, isto tem que ser assim e isto é que faz bem às crianças e eu sei dizer que não e eu sabia dizer não e eles têm que saber ouvir não e regras e uma série de coisas que eu comecei a praticar.

Mas não sentia nada bem com isso.

Queria que o meu filho come-se bem à mesa com 18 meses, quer dizer, quando ele queria era brincar.

E tudo aquilo não jogava comigo e à noite quando me levantava às três da manhã e a meio da noite por causa de lhes dar leite, abria a televisão e estava a dar uma coisa que era o Doctor Field, na altura.

E só dava às três da manhã na televisão, em 2004, pelo menos.

E ele tinha uma versão e uma atitude para com os problemas de família que estavam a dar que eu comecei a ouvir, eu não sei porquê, passava ali parava a meio da noite e começava a ouvir, isto quer dizer é tão diferente, mas eu não conseguia, eu ouvi a fazia-me sentido, mas eu não conseguia processar a informação de modo a usá-la, também na altura o meu filho era muito pequeno, era bebé, por isso eu fiquei sempre mais agarrada ao lago das coisas tradicionais que eu tinha tido na escola e que tinha lido e com sempre aparecer-me muito muito negativo e eu com peso enorme de ir dormir a pensar: há aqui qualquer coisa que não está certo.

Por isso eu acho que comecei aí e depois já só foi, quer dizer durante, eles cá ainda antes de ir para Singapura, eu tentava fazer as coisas um bocadinho diferentes e tinha muitas pessoas um bocadinho a olhar, que eu senti: esta aqui não sabe, ou seja, não cumpre bem e houve uma pessoa uma vez que veio ter comigo e disse: a senhora não é boa mãe.

Ainda me lembro onde é que foi, foi aqui ao pé de onde eu vivia e a olhar, porque eu estava com os três, estava-me a rir estava, não era sobre ensinar naquela altura, eu queria era ter um bom momento e além de ficar olhar para essa senhora que conheço e pensar, ter pena dela, porque ela não estava a perceber a minha linguagem, mas eu também segui em frente.

E depois foi uma coisa natural, eu tinha sempre em mim um lado mais positivo.

Via a maneira que os professores, por exemplo falavam do meu filho Santiago que é que um desportista nato, precisa de espaço, precisa de se mexer, precisa de para aprender, ele precisa de espaço, porque eu não na altura não percebia, só percebi depois porquê.

E a maneira negativa quando olhavam para um reflexo muito natural dele, não revoltava-me, mas eu tinha pena de professoras que vinham ter comigo e que me diziam coisas que eu olhava para elas e dizia, eu pensava assim: não, a senhora é que só sabe ver dessa maneira, eu já sabia que deveria haver ali outra maneira.

Até que encontrei uma pessoa que para mim é a pessoa que mais percebe de educação positiva em Portugal, que se chama Gill Edwards, em Carcavelos.

E a Gil onde eu pus a minha filha Alice durante os tempos, é uma pessoa extraordinária e foi a pessoa que me abriu a porta da educação positiva e me mostrou Howard Gardner, que fala das inteligências diferentes.

E fui ouvir em Lisboa na altura, ele estava nos Estados Unidos, mas houve uma conferência com ele, ainda fui ouvir a Lisboa uma conferência com ele.

E comecei a ler, sobretudo as inteligências diferentes e no fundo isto do meu filho Santiago, não era défice de atenção, não era nada disso.

É um miúdo com inteligência espacial, que pode ir desde um neurocirurgião até um atleta de alta competição, foi um spam enorme de capacidades, mas que forçosamente não gostam de estar sentados numa secretária a fazer durante 6 horas do dia as coisas de uma maneira, quer dizer comecei a perceber que o ensino estava antiquado, que ainda praticamos um ensino da revolução industrial, por exemplo em Singapura já não há a campainha que chama, é quase um insulto para as crianças chamá-los com uma campainha.

Como se fossem gado ou como se fossem quer dizer, tudo isso são coisas que no mundo já estão a mudar, que em Portugal ainda estão muito atrasadas e que uma segue de pessoas e de passos na minha vida, me mostraram que há altos caminhos que abre as portas e daí eu querer passar essa informação.

Mas foram estas pessoas, o Doctor Field, a Gill e depois Singapura, que me abriram as portas aqui para a educação positiva.

 

E nós não vamos conseguir no tempo que temos falar sobre tudo, porque é realmente…

 

Claro claro claro.

 

Mas a Gracinha já fez um trabalho espetacular, porque apenas nos primeiros dezesseis episódios já temos alí imenso, com que entreter.

 

Claro.

 

Sente que os portugueses estão muito longe deste ideal, da educação positiva?

 

Eu já senti mais por acaso, acho que há uma vontade enorme, mas não há ferramentas, não há, eu vou ao Amazon ou vou a uma livraria quando estou em algum sítio e tenho muito mais, tenho aqui o meu cão que também quer participar, mas sinto que há o material em português falta.

E eu acho que não é por vontade, por exemplo os próprios professores também têm uma vontade enorme de mudar, eu tenho imensos professores a mandar-me mensagens que estão a aplicar algumas coisas nas salas de aula dele, eu acho que não há ferramentas para a formação.

E tem que haver mais ferramentas, tem que haver mais livros, tem que haver mais ferramentas na internet, em português, que passem esta mensagem da educação positiva de forma coerente, não como um método alternativo e a permissivo, que é uma coisa completamente errada sobre este método.

Não é um método, não é uma educação permissiva e então não vamos pensar na educação positiva como um método de meio permissivo, nem completamente anarquia total.

As crianças podem fazer o que quiserem, um dia temos que ver uma mensagem a perguntar se as crianças não ficam selvagens.

Não, não ficam.

Ficam felizes e os pais também e as salas de aulas também e encontram-se capacidades e percebe-se que há um progresso e não é, não é uma ditadura, não é?

 

A Gracinha costuma dizer imensas vezes e muito bem, que educar não é mandar, educar é guiar.

Nesta altura do confinamento como é que nós temos guiar estes pais a eles próprios começar a se calhar a praticar um bocadinho atualmente as vogais da educação positiva?

Tem alguma dica, ou primeira acha mais importante…

 

É respirar, é respirar.

Aprender a respirar, porque nós não respiramos, nós reagimos.

Então a nossa educação é baseada no reflexo animal.

É o eu dizer o não, logo, como se fosse autoridade e como se isso nos fizesse ser bons educadores não estamos a ensinar absolutamente nada com um não.

Então vamos, em vez de dizer: não comas de boca aberta, dizer podes te engasgar.

E deixar que a criança perceba o que é que tem que fazer e nós ensinarmos qualquer coisa.

Uma coisa que acontece, que é espetacular, com a educação positiva, é que as crianças a nível de co-eficiência, nem falo da emocional, obviamente porque essa é óbvia, mas a nível de co-eficiência inteligência tem muito mais alto com a educação positiva, do que com a educação tradicional, porque ouvem, porque raciocinam, porque há uma conexão de neurônios muito maior na interação entre adulto e criança, do que cortar ali as vasas e acabou, não faz, nah nah nah.

Então ficam robôs, que depois mesmo na vida, vão ser pessoas com muito menos iniciativa com muito menos poder de raciocínio, porque estão habituadas a que alguém lhes diga não, sim, sai.

E depois de repente chegam aos trinta e aos quarenta e são adultos insatisfeitos, que não percebem porquê, mas no fundo não são eles próprios, porque isto depois vai em crescendo e é uma coisa gravíssima, que hoje em dia sabemos a importância da saúde mental, não é?

Agora, eu acho que aqui a importância do respirar, que é muito simples e eu até disse no outro dia numa conversa, não foi a brincar e se tiver dificuldade em respirar, encha a boca de água e deixe o sentimento das explosão passar. E só depois é que engole, se for preciso é um primeiro, é um primeiro exercício, porque é difícil.

O nosso reflexo está a dizer que não, porque foi o que nós ouvimos.

E os pais queixam-se das crianças dizerem que não de volta ou responderem ou não fazerem, mas elas estão a ouvir isso o dia todo dos pais e dos professores.

Por isso eles estão a imitar, eles não conhecem também outra forma de comunicar, por isso o respirar, o voltar a nós, o ver a situação de fora, o perguntar porque é que eles fizeram isto: porque é que fizeste isso? Qual foi a tua ideia quando fizeste isto? Deixa-me eu perceber o que se passou pela cabeça.

Eu às vezes mudo de ideia depois dos meus filhos me explicarem porque é que fizeram alguma coisa que eu achei que estava errada, que eu digo: olha, realmente isso não foi má ideia, mas…

E depois digo o que é que eu tinha para dizer.

Ver se calhar da próxima vez tenta desta maneira, porque é que tem que ser de uma forma agressiva?

Porque é que tem que ser de uma forma negativa?

Nós se estivéssemos no trabalho e alguém estivesse a berrar connosco o dia todo e a dizer que estamos a fazer tudo mal o dia todo, que é o que a maior parte das pessoas faz com as crianças, nós fechavamos-nos, a dizer não quero estar aqui, eu não sou feliz no meu trabalho, quero me ir embora,

Eles não têm essa hipótese.

 

Eu vou reforçar tudo o que a Gracinha disse, eu concordo com tudo.

Se calhar dar uma outra imagem para os pais e para as mães mesmo um bocadinho mais técnicos, nós somos um conjunto de hardware e software.

O nosso hardware é a nossa biologia, a nossa genética, nós não conseguimos fazer muito em relação a isso.

O nosso software é a nossa educação, não só intelectual como emocional.

E há bom software e há mau software, nós podemos receber maus modelos e portanto ficamos contaminados com esses exemplos.

E é difícil  às vezes sair deles e requer muito trabalho.

Ou podemos ter um bom software e tudo fica mais fácil, não é?

E eu acho que a Gracinha explicou isso muito, muito bem.

Agora com os seus quatro passos filhos, que estão entre os seus 10 e os 16 anos se não me engano.

Quais são os seus planos para as próximas semanas?

Tem uma agenda para o confinamento?

 

Tenho, tenho uma agenda para o confinamento e eles não deixarem de aprender e não deixarem de, educação é um direito humano.

E nós não vamos tirar a educação aos nossos filhos, portanto os nossos filhos vão continuar a estudar em casa, com coisas que eu lhes vou dar e com conteúdos que está na internet e vão continuar a explorar o que gostam e vão continuar a sua aprendizagem, não vai haver aqui momentos a nível das horas de escola,

Nós cá em casa vamos continuar a dar valor à aprendizagem, à educação e a explicar-lhes o importante e a sorte que eles têm de viver numa democracia e de poder continuar a aprender e a sorte que eles têm de estar em casa seguros e não estarem num hospital e aproveitar ao máximo para que um dia, se for preciso, a geração deles salvar a humanidade como os médicos e os enfermeiros estão na frente, não é?

A fazer agora, se de repente as crianças deixam de estudar e não há médicos, não há enfermeiros e vem uma pandemia na geração deles e não há pessoas com as competências com as que temos agora, para poder salvar a humanidade.

Por isso é uma coisa que vai acontecer.

E depois é o lado criativo e da brincadeira que vai ser importante manter também, porque é o que as crianças precisam, elas gostam de brincar, precisam de brincar.

E eu acho que é muito importante nós pais percebermos que eles também estão em tensão, eles também estão fora da sua normalidade e nós temos que perceber que se eles estão nervosos ou ansiosos, eles não sabem dizê-lo.

Eles vão mostrar no seu comportamento.

Por isso podem mostrar desorientação às vezes a fazer a coisa que nós achamos errada ou a chamar a atenção de uma forma mais negativa, porque não sabem verbalizar de outra forma.

Por isso é importante, se calhar em vez de dar logo um berro e eu sei que estamos todos um bocadinho nervosos e ansiosos, mas procurar mesmo ferramentas de evitar o berro, porque depois é uma coisa continua e que não ajuda ninguém, nem os pais nem os filhos.

Isso às vezes, dizer o que é que se vê.

Eu também disse isso numa conversa, é eu vejo que partiste qualquer coisa ou eu vejo que pintaste na uma coisa, pintaste na parede, eu vejo que pintaste na parede.

Está te apetecer desenhar?

Tenho ali, vamos aqui já fazer.

Em vez de zangar, já se vai já vai falar sobre o assunto.

Mas ele não está a pintar na parede, porque o quer magoar o pai ou a mãe, é interesse das crianças não é serem desobedientes, não é?

É ele estarem orientados, vamos orientá-los.

Está te a apetecer desenhar?

Estamos aqui, o que é que te apetecia desenhar? Vamos começar a desenhar.

Ah eu queria desenhar o foguetão.

Então vamos.

Vamos investir naquele momento que ele quer, que é de atenção e criatividade e depois vamos falar sobre: olha, se calhar. Eu chamo a isto a técnica da sanduíche.

É primeiro abrir a porta, é que giro, está te apetecer desenhar.

E eles olham para nós, já temos a atenção dele.

Sabe se calhar em vez de pintares na parede vamos antes pintar numa folha que eu essa posso guardar para sempre comigo.

Então e depois vais me ajudar a limpar a parede.

Isto é ensinar, é criar uma conexão, é depois também ensinar a limpar.

Mas não é atacar.

 

Claro.

Eu vou aproveitar para agradecer os comentários, estamos a receber imensos comentários aqui nas plataformas do Facebook e no YouTube.

Inclusive o Nuno Pinto Martins, que também é uma referência aqui na educação positiva, também nos está a ver, deixou aqui uns comentários muito valiosos.

Gracinha num dos seus primeiros vlogs, contou uma história super comovente, que eu me lembrei, sobre um filho seu partiu um conjunto de pratos e que a Gracinha explodiu e

depois ficou toda uma história por trás.

Portanto eu convidava a recontar, porque eu acho que é um exemplo.

 

Não prometo não chorar.

 

Histórias bonitas, não é?

Eu acho que ou podem ficar traumas às crianças para sempre ou podem ficar memórias bonitas de aprendizagem para os pais e para os filhos e essa realmente é muito bonita.

Quer que eu conte?

 

Por favor.

 

Então, mãe trabalhadora, mas eu respeito imenso as mães que ficam em casa, porque eu acho que é um trabalho duplamente difícil.

Mas cheguei a casa cansada depois de um dia estressante de trabalho, o meu filho tinha partido uma série de pratos na cozinha, a minha primeira reação foi zangar-me, vou chorar.

Era zangar-me com ele, porque eu sinto me naquela altura que era uma bruxa, que já não é quem eu sou hoje em dia.

Zangar-me com ele e agora de repente já não me lembro os detalhes que eu contei na outra, mas com uma reação percebi, houve ali um momento em que eu percebi, que o estava a magoar com o meu ralhar com ele e ele depois veio ter comigo ou quando eu fui deitar, já não me lembro bem e ele no fundo que queria lavar os pratos antes de eu chegar a casa para ajudar.

Por isso, pensem duas vezes antes de gritar com os vossos filhos, porque eu acho que a maior parte das vezes eles só querem ajudar.

 

Sim.

Então essa história comoveu-me a mim também, tenho umas parecidas também e aliás eu tive que parar de correr e passar a andar, porque estava a precisar de focar a minha atenção nesse momento e eu não sei a palavra, era mesmo mergulhar daquela sabedoria, aquela conexão que nós conseguimos naquele segundo.

E eu acho que é uma história que nos pode inspirar realmente e taparmos, não é?

Nesse sentido às vezes mais negativos e são totalmente humanos, mas que às vezes são totalmente injusto também, não é?

 

É verdade.

Eu acho é que há aqui uma herança que vem de uma época completamente desatualizada, anos 50 anos, que nós temos que mostrar que sabemos tudo como educadores e nós é que sabemos e ao dizer um não nós estamos, eu digo sempre nas minhas nos meus domingos positivos, nas minhas conversas é: saiam da vossa torre de autoridade, que não existe e vamos educar humanos, vamos aprender com eles, vamos conversar, vamos aprender a dialogar, porque o que nós estamos ensinar é a discutir, é estamos a ensinar para a vida, o que é que é uma relação?

É a discutir?

É a minha opinião e a tua opinião e onde é que está a diplomacia?

Onde é que está o ouvir o outro?

Ouve-se tanto as pessoas a dizerem, mas depois não praticam com os próprios filhos.

Portanto eu acho que vamos quebrar com uma herança desatualizada, uma educação desatualizada e obsoleta e vamos criar humanos, vamos guiá-los a ser o adulto que nós gostávamos que os nossos filhos fossem, não é?

 

Totalmente.

Há um livro que me marcou imenso que se chama os Fours Agreements do Miguel Ruiz e dois dos agreements tem muito haver com esta história que aconteceu.

Um deles é não levar as coisas a peito.

Pronto.

Os pratos não foram partidos para nos ofender.

Outra coisa é não assumir nada, saber perguntar.

Claramente que se perguntássemos, se calhar não nos tinhamos zangado e pratos são pratos, não é?

Mesmo que sejam os pratos preferidos, que tenham custado uma fortuna.

A intenção era totalmente boa e aconteceu pronto.

 

Eu vou só aqui dar uma dica, que ao princípio me ajudou imenso que eu parecia a mãe maluca, mas é, uma pessoa tem realmente a reação do berro, não é?

Ou de zangar e eu começava a cantar, às vezes os meus filhos eles eram pequeninos, achavam que eu tinha…

Faz de conta que eram os pratos, agora não foi, porque eu não fiz isso nesse dia, mas partir os pratos.

Eu queria era gritar, mas queria era, não vamos repor o berro para trás e começar a cantar e fazer disto uma brincadeira.

Mas é um bom truque também começar a cantar e a dançar e ao mesmo tempo aquilo fica o tal jogo.

Eu acho que quando há associação positiva com as crianças, há aprendizagem.

E as pessoas não percebem quando há associação negativa, corta-se, não se está a ensinar nada.

Por isso, se nós conseguirmos que aquele momento onde nós iamos-nos zangar, se torna uma associação positiva a qualquer coisa, estamos a ensinar muito mais do que se nos zangasse-mos com eles.

 

Claro.

Gracinha, há pessoas incrivelmente estressadas agora com a questão do confinamento.

O que é que nós podemos, qual é o bright side desta história para si?

 

Eu acho que se conseguirem criar conexão com os filhos em casa, não é?

Eu acho que mais cedo do que nós achamos, quer dizer numa vida inteira, isto vão ser eventualmente um ano e meio dois anos, não é?

E da nossa vida completamente com uma mudança imposta que foi esta pandemia, mas se podermos pensar em alguma coisa, nós nunca mais vamos poder recuperar o tempo que temos a ter com os nossos filhos em casa, nunca mais.

E eles estão a ver os pais deles em casa, por isso eles vêm ter connosco.

Eu ontem estava a ter uma reunião de Zoom com uma colaboradora minha e o filho dela pequenino, dois anos, sempre a querer chamar a atenção, às vezes ela conseguir distrair.

Eu como líder da equipa, falo com outros com a maior paciência, quer dizer se é preciso parar, para ele está a precisar de atenção, ele está em casa com a mãe e ela a pedir-me desculpa.

E eu disse: não é preciso pedir desculpa, está aí, ele está a ver a mãe, ele quer brincar com a mãe.

Por isso quando ele precisava e eu disse a certa altura: olhe, vamos parar a reunião 10 minutos, eu já volto a ligar.

Que era para ela dar a atenção que ele precisava e depois porque eles têm a necessidade de atenção, não é?

E se não a tem, vão começar a chamar de formas que eles puderem e tem a necessidade de ter poder de decisão desde que nascem.

Por isso é que as crianças fazem birras.

Quando não têm o poder de decisão necessário em casa, nem que seja coisinhas pequeninas, desde que têm 2, 3 anos, eles vão começar a fingir.

Por isso eu acho que é importante agora que estão em casa, pensar que nunca mais vão ter a oportunidade, nem que seja, podemos chamar assim mesmo que seja dentro de um momento difícil mundial e nacional, de criar conexão com os vossos filhos e isso é a coisa mais importante na vida de um educador de um pai e de uma mãe, é o quanto a conexão que conseguirem fazer nos anos em que estão com eles em casa.

 

Exatamente.

Concordo a cem por cento.

Gracinha, gostaria de recomendar algum livro, algum filme, algum conteúdo que a tenha marcado recentemente?

 

Sim.

Há vários.

Eu acho que há um livro fantástico que é, eu não sei se há em português, mas que é o “How talk so kids will listen and listen so kids will talk”.

Como falar para as crianças ouvirem, como ouvir para as crianças falarem.

Isto foi uma coisa que eu li num livro que já tem várias edições, que eu li logo ao princípio e que ainda hoje pratico coisas que aprendi nesse livro, é extraordinário, é realmente já formas de educação positiva, vem em bandas desenhada.

Como é que as pessoas normalmente dizem e como é que podem dizer de forma positiva à mesma coisa.

Acho que é um livro fantástico, acho que o mindset que há em português, da Carol Dweck.

A Carol Dweck é extraordinária também para se perceber a mudança do mindset fixo da educação tradicional para o mindset vivo.

E acho que há uma plataforma muito muito boa, que também já aconselhei que é o The Big Life General, que ensina para pais e para filhos. É para filhos mas acho que os pais também aprendem e adolescentes também, também estratégias do tal mindset de crescimento que é também uma das bases da educação positiva e de ver a vida de uma forma mais positiva.

Ok.

Se tivesse um cartaz gigante que toda a gente pudesse ver.

Qual era a mensagem que escolheu lá colocar?

 

Qualquer coisa ligada com o erro, como eu estava a dizer.

Ou seja, ou punha uma mente negativa nunca vai ter um dia positivo.

Ou punha não é?

É mesmo, porque a pessoa mesmo que é o não não não, não vai e a pessoa que só vê o problema dos outros e não começa a ver o que é que ela faz para influenciar ir à volta dela.

É uma pessoa que que ainda não percebeu que tem que ver as coisas de outra perspectiva.

Mas acho que o mais importante é não tenha medo de errar, o erro é uma lição.

E aquela coisa que eu costumo sempre dizer, não existem crianças desobedientes, só existem crianças desorientadas e nós estamos cá para as guiar.

 

Muito bem.

Que más recomendações é que costuma ouvir relacionadas com sua profissão ou com a parentalidade?

 

Que mais quê?

Desculpe.

 

Más recomendações, ouviu e não concorde com isto.

 

Mas em relação ao quê? À educação?

Ou?

 

E também à decoração, se encontrar porque se calhar as duas são importantes e ninguém sabe mais que a Gracinha.

 

A educação, na decoração acho que duas coisas.

Acho que as pessoas às vezes têm um bocadinho, se calhar porque a vida corre e não temos muito tempo para parar e pensar, olhem nós próprios, quem somos mesmo, o que é gostamos, quase fazermos um questionário, desafio as pessoas que estão ouvir, a fazerem um questionário em casa para se conhecerem melhor.

Será que estão a ouvir a música que gostam mesmo, será que estão a comer a comida que gostam mesmo, será que estão a viver não é?

Como as cores que gostam mesmo.

E isso, fazerem um questionário para se auto conhecerem e depois também ajuda na educação.

Mas eu acho que um dos erros que as pessoas acham na decoração, é que acham que uma sala com pouca luz natural, tem que ser branca ou de cor ou sem cor quero eu dizer.

Quando que uma sala com pouca luz natural usufrui muito mais com a cor e torna-se muito mais confortável com um certo tipo de cor do que se ficar branca, porque achamos que o branco é uma cor clara, por isso a sala fica mais clara por estar branca.

E não é verdade.

Fica uma uma sala às vezes um bocadinho, os ingleses dizem “Lumy”.

Assim um bocadinho, não é carne nem é peixe, só por a pessoa ter medo de perder luz.

E se pusesse uma luz e arriscasse uma cor e arriscasse se calhar já tinha uma sala com mais personalidade onde gostaria de estar, isso é uma dica.

 

E em relação à parentalidade?

 

A parentalidade…

 

Más recomendações que costuma ouvir.

 

Más recomendações, ai são tantas.

 

Pode não haver, às vezes é difícil, às vezes é sensível o tema mas…

 

Não.

Eu digo-lhe uma coisa.

Noutro dia estava a ter, esta semana tive aqui um desentendimento com um dos meus filhos e porque tinhamos os dois opiniões diferentes.

E a certa altura ele virou-se para mim e disse: oh mãe.

Ele tem 14.

Oh mãe, os adultos têm a mania de, como é ele disse?

Eu até mandei a mensagem ao meu marido por WhatsApp para não me esquecer, mas estava tão certo.

Os adultos tratam as não…

Ah os adultos querem que os adolescentes hajam já como adultos, mas não nos deixam decidir como adultos.

Foi assim qualquer coisa desse género.

E eu fiquei a olhar, ele desarma-me sempre com essas coisas e depois de eu estar ali a defender a minha opinião, eu olhei para ele,dei-lhe um abraço e disse: oh Guilherme, tens toda a razão, desculpe desculpe.

Eu peço imensa desculpa e tenho imenso orgulho de ser uma mãe que pede desculpa e que eles saibam que os pais estão a crescer como eles e erram como eles, falamos muito disto cá em casa.

Mas isto de nós exigirmos até aos pequeninos, que façam coisas que nós não fazíamos com a idade deles, às vezes esquecemos que já tivemos a idade deles.

E depois nós não fazermos ou nós não nos deixarmos fazer, não é?

É típico e é uma coisa que podiamos todos melhorar isso.

 

Muito bem.

Eu tenho aqui uma última questão.

Gracinha, quando se sente assoberbada, perdida ou sem foco.

O que é que faz?

 

Tiro os sapatos, ponho os pés no chão.

“Keep Ground” de enraizada ponho os pés no chão e respiro.

Eu acho que o respiração é, há duas coisas que são fatores enormes a olhar nos.

É o cansaço e isso obviamente estamos todos, então agora com o trabalho em casa, com os filhos, com escolas não escolas, a tentar arranjar um equilíbrio, muito rapidamente a ebulição sob, não é?

Para a panela de pressão arrebentar.

Mas eu acho que vamos realinhar, vamos parar, vamos ter aqueles momentos para mim, houve, nem que seja escondidos, mas é verdade houve umas conversa qualquer, que eu disse: não, tenham o vosso ritual.

Eles desde muito pequeninos, eu agora já não bebo café, mas eu bebi café durante muito tempo e aquele momento do café para mim era o realinhar e a pensar que podemos ter vários por dia, não cafés, mas momento de realinhamento e não sei como se diz em português.

É realinhamento que se diz?

 

Sim, sim.

 

E como eles estudarem, eles não conseguem estudar durante horas, os meus filhos de x em x tempo param, nem que seja 10 minutos.

Vão dar uma voltinha, correm, brincam com qualquer coisa durante 15, 10 minutos e voltam.

Porque o cérebro precisa.

Portanto o cansaço extremo, temos que estar atentos a isso, então eu de vez em quando várias vezes durante o dia, gosto de tirar os sapatos, gosto de fechar os olhos e respirar.

E respirar oxigênio ao cérebro, darmos espaço para pensarmos em soluções rápidas, às vezes problemas diários aqui em casa, onde seja, com as crianças.

Respostas rápidas e é muito importante respirar.

Eu até pus no meu Instagram, respire fundo, tape o nariz de um lago.

Expliquei aí mesmo.

Faça as vezes que for preciso, de olhos fechados, porque e as pessoas realmente deram-me um feedback espetacular, porque realmente sabe bem respirar durante x minutos e voltar a fazer várias vezes durante o dia.

 

Uau.

E é uma excelente dica também de parentalidade.

Pronto.

Quando nós damos esse exemplo, se calhar as crianças aprendem muito mais facilmente do que se nós tentássemos impor respirar, dizer às vezes não adianta nada, mas praticar adiante totalmente, não é?

 

Sim.

 

Portanto eu acho que isso é precioso.

E é uma forma também de cuidarmos de nós próprios e se não estivermos bem, não vamos conseguir ser bons pais.

 

Claro.

 

Gracinha, muito obrigado por este tempo.

 

Nuno muito obrigado também.

Desculpe.

 

Mas foi precioso e enfim.

Espero poder repetir isto outro dia, quando tiver tempo para nós.

Obrigado pelo sábado e qualquer coisa que precise por favor dispunha está bem?

 

O quê, o quê? Desculpe.

 

Obrigado por este bocadinho do seu sábado.

 

Obrigada.

 

Qualquer dúvida, disponha.

 

Está bem.

Obrigadíssima, Nuno.

Obrigada e obrigada a todos que estiveram aqui.

 

Obrigado.

Até à próxima.

Obrigado.

 

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